A Frelimo de hoje não aceita a crítica e muito menos fazer auto-crítica

Visto por muitos como uma das últimas reservas morais do movimento de libertação, Jorge Rebelo diz em entrevista ao SAVANA que está decepcionado com a Frelimo actual, mas reconhece que neste momento não vê alternativas. Eterno admirador de Samora, Rebelo, um dos fundadores da Frelimo, onde foi o temido secretário do trabalho ideológico, afirma que se o proclamador da independência de Moçambique voltasse não ficaria contente com a situação que se vive no país. Lamenta o facto de actualmente o país estar infestado de lambebotas, porque, segundo ele, as pessoas são escolhidas na base da sua capacidade de lamber as botas do chefe. Numa conversa amena, onde a ideia era falar do legado de Samora (amanhã, sábado, passam 27 anos após a sua morte), Rebelo aceitou abordar o tema de sucessão na Frelimo e defende que não há necessidade de reuniões dos órgãos do partido (Comité Central e reunião nacional de Quadros) “porque hoje já há um pensamento comum”.

Visto por muitos como uma das últimas reservas morais do movimento de libertação, Jorge Rebelo diz em entrevista ao SAVANA que está decepcionado com a Frelimo actual, mas reconhece que neste momento não vê alternativas. Eterno admirador de Samora, Rebelo, um dos fundadores da Frelimo, onde foi o temido secretário do trabalho ideológico, afirma que se o proclamador da independência de Moçambique voltasse não ficaria contente com a situação que se vive no país.

Lamenta o facto de actualmente o país estar infestado de lambebotas, porque, segundo ele, as pessoas são escolhidas na base da sua capacidade de lamber as botas do chefe. Numa conversa amena, onde a ideia era falar do legado de Samora (amanhã, sábado, passam 27 anos após a sua morte), Rebelo aceitou abordar o tema de sucessão na Frelimo e defende que não há necessidade de reuniões dos órgãos do partido (Comité Central e reunião nacional de Quadros) “porque hoje já há um pensamento comum”.

O tema sobre as críticas dirigidas directamente a alguns colaboradores de Samora nalguma imprensa em que os apelida de “revolucionários da desgraça” foi incontornável. Amanhã, (sábado 19 de Outubro), passam 27 anos após a morte de Samora Machel. O sr. Jorge Rebelo conviveu muitos anos com o presidente Samora. Que recordações guarda do homem que proclamou a independência de Moçambique?

Há alguns dias participei nas cerimónias do aniversário do nascimento do presidente Samora. Nesse encontro, alguns defendiam que Samora, se ressuscitasse, ficaria contente com aquilo que está a acontecer no país. Iria elogiar a direcção actual.Outros diziam que ficaria decepcionado de tal forma que quisesse regressar de onde veio. Nesse encontro não me pronunciei. Se tivesse falado diria que amigos tenham calma, porque Samora já não está connosco e não é bom inventar coisas que iria dizer ou não dizer. Como a bíblia diz que não podemos evocar o nome de Deus em vão. Neste caso diria para não evocar o nome de Samora para obter ganhos políticos.Portanto, não podemos dizer categoricamente como Samora iria reagir perante a situação actual.

O seu sonho está ou não a ser efectivado…

Na base daquilo que sei de Samora através do seu pensamento e actuação na luta armada de libertação, onde se forjou a ideologia da Frelimo e depois na independência, onde o novo Estado começou a ser construído, posso imaginar o seguinte: Samora chegaria e perguntaria como é que estão as coisas. Se perguntasse a mim diria que está tudo bem camarada presidente, porque ultimamente o povo está a ser formatado para avaliar as coisas sempre pela positiva. É o que acontece hoje, avaliar as coisas positivamente é a palavra de ordem. Portanto, nunca diria que as coisas estão más.Contudo, ele vai fazer-me várias perguntas como: Nós lutámos para libertar a terra e os homens.

A terra está libertada? A terra pertence ao povo como era o nosso sonho?

Aí eu diria que sim. A Constituição ainda diz que a terra não pode ser vendida, pertence ao Estado.Mas, se ele dissesse que lá onde estou vejo que muitos dirigentes apropriam-se da terra e vendem-na às grandes multinacionais e a população fica na miséria, sem meios para ganhar a sua vida. Você está a enganar-me. Eu aí ficaria engasgado. Depois levantaria a questão da corrupção. De certeza que Samora diria que era implacável contra a corrupção, não admitia corruptos e ao mínimo sinal de corrupção tomava medidas enérgicas, por isso que no meu tempo não havia corrupção. Samora definia a corrupção como utilização de cargos públicos e políticos para obter benefícios pessoais e para familiares. Aí ele me perguntaria se os dirigentes, filhos, sobrinhos, irmãos não estão a enriquecer e a maioria do povo cada vez mais na miséria. Perante os factos, não poderia negar e diria que sim estão a enriquecer e o povo a empobrecer. Depois perguntaria se esses que ficam ricos ganham a riqueza através do seu trabalho ou se aproveitam dos seus cargos para enriquecer. Se ele insistisse quem é o dirigente que está a ficar cada vez mais rico com a sua família. Eu não iria mencionar os nomes, porque toda a gente sabe. Samora diria mais. Por exemplo, podia dizer que as pessoas andam carregadas em carrinhas de caixa aberta sem qualquer comodidade nem protecção; o emprego não existe; a qualidade de ensino é baixa (hoje os alunos chegam à nona classe sem saber ler nem escrever); a saúde é um desastre, não há medicamentos, os médicos e todo o pessoal da saúde estão desmotivados. Por fim, Samora diria que não estou contente pela situação que vive o meu povo.

Com isso podemos concluir que, na óptica de Jorge Rebelo, os sonhos e os desejos de Samora não estão a ser tidos em conta pela actual direcção da Frelimo.Tudo dependente de como é que a pessoa se situa. Se está preocupado com o enriquecimento de um
pequeno grupo, diria que o país está em franco desenvolvimento. Se se coloca de ponto da população em geral diria que este crescimento não é o desejado e não é aquilo que Samora defendia.A minha conclusão é de que se Samora voltasse não ficaria contente com a situação que se vive no país. Na nossa sociedade, os casos de corrupção aumentam progressivamente.

Ela está a tomar conta de todos e há que inverter isso, porque pode nos levar ao abismo. Infelizmente, hoje não podemos dizer isso publicamente porque não encontramos abertura da parte da actual direcção do país. Lembro-me de uma conversa com Samora, em que num tom de desabafo dizia que os camaradas que vieram connosco da luta armada estavam a ser apanhados pelo vírus de corrupção e nós tínhamos que tomar medidas para eliminar esse vírus. E ele dizia que hoje os camaradas estão preocupados com dinheiro, comodidade e regalias que durante
a luta de libertação nunca exigiam. Não tínhamos nenhuma preocupação em ficar ricos e lutávamos por um ideal que era a libertação do povo e melhoria das condições de vida de todos. Agora a situação é diferente.

O pensamento de Samora Machel para Moçambique teria estado à altura das profundas mudanças que o país conheceu nos últimos anos?

Há muitos aspectos, políticas e princípios que Samora defendia e que hoje não são aplicáveis. Por

exemplo: na área da saúde, Samora dizia que o médico não pode ser um mercenário, não pode utilizar a doença como meio para enriquecer. O médico deve trabalhar só para o Estado e receber o seu salário como qualquer funcionário. Não se admitia clínicas privadas porque seria utilização da doença como meio para enriquecer.

Isso hoje não é viável. Já naquele tempo eu próprio já me interrogava porquê, por exemplo, alguém que estudou durante sete anos para tirar o curso de medicina e fica limitado ao salário que o Estado paga que normalmente é baixo. Se um engenheiro, um jurista e outras profissões não vinculadas exclusivamente ao Estado, podiam trabalhar onde quiserem e ganhar muito mais. De certeza que muitos médicos iriam fugir da profissão. Outro exemplo é da economia centralizada. O Estado é que dirigia todos os sectores económicos. A experiência mostrou que isso não é benéfico para o país e não era viável. Nessa altura já era possível aferir que o homem é mais flexível e criativo quando motivado pelo lucro e numa economia centralizada a pessoa sabia que se esforçando como não teria o seu salário.

Samora morreu num período de partido único e de uma economia centralizada. Como é que conviveria com a actual realidade, de maior abertura política e económica, pelo menos no plano formal?

Teria que se adaptar porque as sociedades avançam. De certeza que não ficaria tranquilo, mas teria consciência de que aquele modelo de socialismo que nós adoptámos não estava a dar resultados. Claro que há outros factores que contribuíram para isso, porque os países imperialistas entraram em pânico quando Moçambique e Angola se proclamaram países socialistas. Isso era um germe aqui na zona porque poderia influenciar países à volta. Então atacaram-nos e isso contribuiu muito para que o projecto socialista de Samora e de muitos de nós não avançasse.

“Direcção da Frelimo esconde os reais ideais de Samora”

Uma das coisas que marcaram o mandato de Guebuza foi a imortalização da figura de Samora. Foram construídas estátuas em todo o lado, homenagens e discursos benevolentes. Contudo, de outro lado os males que Samora combatia aumentaram. Falo da corrupção e pilhagens dos recursos nacionais. Será que a figura de Samora está mesmo a ser valorizada?

As estátuas são uma coisa boa porque quando as pessoas passam pelas ruas ou praças onde estão erguidas lembram-se de Samora. Mas o mal é que ficamos por aí. Se falamos do legado de Samora apenas dissemos que foi um grande líder, foi o primeiro presidente de Moçambique independente. Não entramos no seu pensamento. Parece que a actual direcção da Frelimo e do país não está interessada no pensamento de Samora. Ela esconde o seu pensamento.

Nos seus discursos esquece que Samora era uma figura sensível à corrupção, ao sofrimento do povo, à expropriação dos bens do povo para satisfazer apetites e ganância de um pequeno grupo de dirigentes.

Como é que Samora Machel encararia o facto de sectores importantes da soberania económica de Moçambique, nomeadamente os recursos naturais, estarem hoje nas mãos do capital estrangeiro?

Se ele viesse só para visitar ficaria decepcionado. Se ele viesse para impor ordem diria que vamos acabar com estas coisas, mas não no sentido de impedir a exploração desses recursos. Os recursos existem, são nossos e devem contribuir para o crescimento e desenvolvimento do país. Agora, o que ele diria é que temos que dirigir esse processo de tal maneira que o povo inteiro não sofra e uma pequena minoria beneficie.

“Falta vontade política na investigação da morte de Samora”

Como é que reage a um aparente esmorecimento do processo de investigação da morte de Samora Machel, depois de alguma euforia suscitada pelo Presidente Armando Guebuza e Jacob Zuma?

Há duas maneiras de analisar a sua pergunta. Uma pela complexidade das investigações e outra na falta de vontade. Lembro-me do assassinato do primeiro-ministro da Suécia, Olof Palme, foi quase no mesmo período com o do presidente Samora, mas até hoje ainda não foi descoberto quem é que matou. Portanto, talvez seja tão difícil. Porém, exprimindo o meu sentimento digo que estou desapontado com o nível das investigações. Gostaria que esse processo avançasse para se descobrir os verdadeiros autores do crime.

Sente alguma preocupação da parte dos Governos de Moçambique e da África do Sul em investigar o crime?

Não sinto. Se houvesse esforço de cada um dos lados seria divulgado, o que não está a acontecer. Haveria alguns resultados visíveis indicando que a investigação está a avançar neste ou naquele sentido, já se descobriu isto ou aquilo, mas não se fala. Isso é preocupante.

Acha que um dia Samora podia apertar a mão do líder da Renamo, Afonso Dhlakama?

Em nome dos princípios que defendia não iria prejudicar o povo. Se ele se convencesse de que esse era o único caminho para conseguir que o país estivesse em paz, ele ia fazer isso.

“O nosso chefe fomenta lambebotismo”

As críticas dirigidas directamente a colaboradores de Samora nalguma imprensa não configuram comportamentos racistas que ele tão veemente denunciou e repreendeu?

Samora foi uma pessoa que sempre combateu o racismo, regionalismo e o tribalismo. Ele dizia que esses são os nossos piores inimigos porque impedem-nos de assumir a grandeza do nosso país, não permitem compreender a complexidade da nossa pátria e sobretudo dispersam as nossas forças. Não lutámos por uma raça, uma religião, uma tribo. Lutámos pela mesma nação, pelo ideal único e pela libertação da nossa terra e do nosso povo. São esses pensamentos que a direcção actual da Frelimo esconde. Quando a actual direcção fala de Samora só se limita a dizer que era um grande líder, mas aquilo que ele defendia não fala, esconde.

Quando o mais alto dirigente do país diz que temos que distinguir quem é moçambicano genuíno e não genuíno, a quem se refere e qual é que é o seu objectivo? O que ele pretende.

Eu levantei essa questão no congresso de Pemba. Dirigime ao presidente e disse: camarada presidente, o que são moçambicanos genuínos e não genuínos. Disse ao camarada presidente, olha para os membros da Comissão Política, veja o camarada Manuel Tomé. Olha para minha pele e olha para a pele dele, eu vejo que ele é mais claro do que eu. Olha para Graça Machel, ela é mais clara do que eu, então eles não são moçambicanos genuínos? Não me respondeu.

Com isso sente que há focos de racismo no seio da Frelimo?

Não disse isso. Citei apenas o que o dirigente máximo do partido e do país disse e o que eu lhe perguntei. Só esse chefe que disse isso pode responder a questão. Há quem diga que Jorge Rebelo e outros moçambicanos da raça não negra eram muito “mimados” por

Samora Machel. Após a sua morte, essa classe ficou órfã e hoje não vê coisas boas. É um grupo de saudosistas. Concorda com isso?

Há um aspecto que devemos ter em conta que é dos bajuladores e dos lambebotas. Hoje, o país, infelizmente, está infestado desse tipo de gente. O aparelho estatal está infestado por esse tipo de gente porque as pessoas são escolhidas na base da sua capacidade de lamber as botas do chefe. Todos nós assistimos isso. Basta abrir alguns jornais. Mas esses que escrevem são encomendados.

Recebem instruções para defenderem algumas ideias nas linhas e orientação e aceitam.

Mas os bajuladores estão a empurrar o país para o abismo. Pelo que, apelo a essas pessoas para que deixem de serem bajuladores e guiem-se pelo seu pensamento natural porque isso retira-lhes a sua dignidade. Já imaginou o que o termo lambebotas signifi ca. Estar sempre a bajular retira ao indivíduo alguma dignidade e retira a visão do chefe porque fi ca sem saber o que é bom e o que é mal porque eles continuarão a dizer que tudo está bom para manter as mordomias.

Mas, por outro lado, a culpa é do próprio chefe porque ele é que alimenta esses bajuladores. Escolhe aquele tipo de gente para serem seus conselheiros. Portanto, no fim ao cabo tudo desemboca no chefe porque ele escolhe aqueles que lhe agradam e dizem sempre coisas boas. Normalmente, esse tipo de chefes não gostam que alguém diga que camarada presidente aqui estamos a errar.

O actual dirigente não aceita críticas. Uma das virtudes de Samora é que aceitava críticas. Lembro-me de um episódio. Houve uma altura em que Samora andava meio frustrado porque ele não encontrava nos seus colaboradores respostas para os problemas e passou a tomar decisões sozinho e nós colaboradores directos sentíamos isso.

Um dia, num encontro restrito, ele disse que não sabia o que estava a acontecer connosco, dizia que não éramos os mesmos. Eu atrevi-me e disse: o problema é que agora o camarada presidente comporta-se como um ditador e fiquei à espera da reacção. Fiquei com medo, porque ele podia dizer que isso é uma ofensa ao mais alto magistrado da nação portanto, prendam-no.

Samora não reagiu, não me mandou prender e o que eu notei foi que a partir daí ele chamava-me constantemente para conversarmos. Em vez de me perseguir, marginalizar-me, ele mostrou que gostava de pessoas que lhe diziam as coisas frontalmente e isso é uma indicação da grandeza de um chefe.

Há quem diga que nos últimos dias, há tendência, através da Comunicação Social, de reduzir os progressos de Moçambique, numa única figura, enquanto que na realidade, o desenvolvimento de Moçambique é resultante do trabalho de todos os moçambicanos cada um à sua maneira. Qual é a sua opinião acerca disso.

É uma coisa que me deixa preocupado. Esta tendência de tentar endeuzar o chefe. Esses bajuladores dizem que o chefe é que faz tudo. Todos os dias aparecem artigos na imprensa a falar das realizações da sua excelência. Tudo aquilo que está a acontecer é obra do chefe. Foi o chefe que fez e aquilo. Isso cria um mal estar nos cidadãos. Na nossa altura era completamente diferente. Os sucessos eram de todos. Os sucessos do chefe deviam-se aos seus colaboradores e isso estimulavam-nos. Quando fazíamos uma coisa certa, éramos elogiados, quando fazíamos uma coisa errada, éramos reprimidos, mas nunca se apresentou como o único que faz coisas.

De certeza que Samora também podia dizer que fui eu que libertei o país, fui eu que corri com os colonos, mas não. Mandela podia dizer que eu sofri na cadeia pelo povo sul-africano, agora quero ficar rico. São atitudes dessas que elevam um líder e não endeuzamentos.

Se estivesse próximo do presidente Guebuza, que conselhos daria?

Não sou conselheiro e nada posso comentar.

Acha que o projecto de justiça social ainda está presente na Frelimo, tendo em conta as gritantes assimetrias económicas vigentes no país?

Não. A Frelimo de hoje tem características muito diferentes da Frelimo do tempo de Mondlane e Samora.

Hoje, no papel falamos de justiça social, igualdade, mas na prática o que está a acontecer é que os pobres estão ficar mais pobres e a minoria rica está a ficar cada vez mais rica.

Marcelino dos Santos disse numa das suas intervenções, no ano passado, que esta Frelimo não respondia aos ideias da sua criação pelo que não sabia se votaria nela em 2014. Qual é o posicionamento de Jorge Rebelo?

Estou decepcionado com a Frelimo actual, mas neste momento não vejo alternativas. Portanto, votar pela queda da Frelimo sem essa alternativa significa condenar o país ao caos. Neste momento, apesar de todos os defeitos que tem a Frelimo actual, ainda é o único partido que pode garantir o mínimo de estabilidade e o desenvolvimento embora esse desenvolvimento beneficie apenas uma pequena camada. Não estou a ver a Renamo como alternativa. O MDM ainda está na fase embrionária e não pode aparecer a dirigir o país. Não conheço os princípios ideológicos do MDM, mas de qualquer forma tem que se afirmar.

Como é que olha o facto de a Frelimo não ter ainda eleito o candidato para as próximas eleições presidenciais, uma vez que nos processos anteriores tinha candidato com maior antecedência?

Isto é uma preocupação de muitos de nós, porque quando foi do tempo do presidente Guebuza, ele começou

a campanha dois anos antes porque tinha que se fazer conhecer nas bases. Não é em três meses ou seis meses que um candidato pode percorrer o país todo e dizer eu sou candidato e votem em mim. O pais é grande. Por isso que não compreendo como é que há este atraso na indicação do sucessor do presidente Guebuza. A demora não é benéfi ca para a Frelimo, porque como disse antes, o presidente Guebuza teve dois anos para fazer campanha e isso ajudou que ganhasse as eleições.

Não compreendo a razão dessa demora e não creio que haja alguém que compreenda porque já é tempo. Talvez os chefes saibam.

Qual é que seria o candidato ideal da Frelimo para as eleições de 2014?

Não tenho perfi l do candidato da Frelimo. Olhando a minha volta não vejo o candidato.

Umas da coisas que sempre caracterizaram o partido Frelimo é que sempre reuniu os seus órgãos centrais duas a três vezes por ano. Estranhamente esse habito não se está a repetir este ano. Desde que a Frelimo saiu do congresso só se reuniu vez uma em sede de Comité Central. O que isso signifi ca?

Podíamos dizer que não há necessidade de reuniões dos órgãos do partido (Comité Central e reunião nacional de Quadros) porque hoje já há um pensamento comum.

Todos pensam da mesma maneira. Para quê fazer reuniões de quadros, gastar-se dinheiro e tempo enquanto pensa-se da mesma maneira e já se sabe o que pensam. Não vale a pena continuar com essas reuniões porque já sabemos o que se vai decidir. Todos têm o mesmo caminho a seguir.

Se a Frelimo é um partido apologista de diversidade de ideias porque é assim que cresce. É através da crítica e auto-crítica que se constrói um partido forte.

Esqueça, essas coisas de críticas, auto-criticas é uma coisa do passado. A Frelimo de hoje não aceita a críticae muito menos fazer auto-crítica.

*Jorge Rebelo concedeu esta entrevista ao periódio O savana, onde este texto foi primeiro publicado.
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