Sobre a experiência de racismo sofrida pelo embaixador de Cabo Verde no Brasil
Li a matéria sobre o embaixador de Cabo Verde no Brasil e o preconceito que sua filha sofre em uma escola particular de classe alta em brasilia.
Sou brasileira, natural do Rio de Janeiro, estudante de jornalismo e pedagogia. Estudei durante todo o meu ensino fundamental em escolas públicas do município do Rio. Quando escuto histórias como essa consigo ver claramente que apesar de todas as deficiências estruturais do ensino público daqui, algumas outras questões revelam como as instituições de ensino privado têm que aprender.
Li a matéria sobre o embaixador de Cabo Verde no Brasil e o preconceito que sua filha sofre em uma escola particular de classe alta em brasilia.
Sou brasileira, natural do Rio de Janeiro, estudante de jornalismo e pedagogia. Estudei durante todo o meu ensino fundamental em escolas públicas do município do Rio. Quando escuto histórias como essa consigo ver claramente que apesar de todas as deficiências estruturais do ensino público daqui, algumas outras questões revelam como as instituições de ensino privado têm que aprender.
Nunca(!)... digo isso sem medo de estar enganada... nunca escutei um aluno ferir a dignidade do outro atraves de qualquer "brincadeira", seja pela cor de sua pele ou por qualquer outro motivo. Infelizmente também não chegavam a ter orgulho de suas origens. Até pelo preconceito existente nas ruas (esse sim, fortíssimo). Morei e estudei, nessa época, no bairro da Tijuca, um verdadeiro laboratório social.
O bairro formava um vale, onde no asfalto a maioria da população branca se trancava nos edifícios gradeados com medo da maioria da população negra que por sua vez passava dias e noites trancada em suas casinhas simples no alto de algum morro com medo de um tiro ou uma bala perdida.
O branco com medo do negro carregar o pouco que eles tem, E o negro com medo de outros negros que em sua revolta por essa situação resolveram se aliar ao crime e viver entre tiros e finais trágicos.
Porém, esse medo todo da população mais abastada sempre teve um troco que foi dado às populaçoes pobres por meio de humilhações que passavam despercebidas por todos, menos por aqueles que a sofriam. Afinal em algum momento o jovem do asfalto, com suas roupas de marca, seu celular de último modelo e sua namorada loira, teria que se encontrar com o jovem do morro descendo as ladeiras de chinelos, sem camisa, indo recolher as sobras das feiras.
De lá pra cá, quase nada mudou. Na tijuca os olhares ainda se cruzam como tiros. Como se todos julgassem seus lugares na sociedade. Mas.. dentro das escolas públicas, seus alunos de maioria negra, devem continuar seus estudos, longe de saber que em outros escolas, colegas sofrem o que sofrem.
* Gabriele é estudante de Pedagogia no Rio de Janeiro